A web e a publicidade

Durante alguns anos, entre 1998 e 2002, era comum encontrar nas páginas de revistas e jornais e nas telinhas das TVs, anúncios de empresas brasileiras de internet, algumas delas com presença constante e regular. Fez história na vida da web brasileira um clip para TV no qual um dos gestores da loja virtual Submarino saía do mar de escafandro com um livro, triunfante porque aquele exemplar tinha chegado às suas mãos. Com as dificuldades que a empresa hoje atravessa em seu sistema de entregas, que todos esperamos e acreditamos serão superadas o mais rápido possível,o clip poderia voltar ao ar, como uma espécie de metáfora sobre as dificuldades do mundo web. Eram também presença constante na mídia os grandes portais - IG, Terra, Aol, Starmedia – e vários sites de e-commerce.
A edição do Rock in Rio de 2002 foi patrocinada pela AOL, que investiu naquela época R$ 25 milhões no projeto. Esse talvez tenha sido o maior investimento de uma empresa pontocom num só projeto no Brasil. Edições de revistas semanais de grande porte tinham de 30% a 35% de suas páginas publicitárias ocupadas por sites e empresas de TI, que chegaram a suplantar a presença de bancos, automóveis e empresas de varejo, tradicionais pesos pesados em termos de presença publicitária.
A partir de 2002, o desempenho deste setor na mídia foi minguando até se transformar em quase nada, especialmente no período entre 2003 e 2009. A boa notícia é que, aos poucos, como na canção do Roberto, “eu voltei, aqui é o meu lugar...”.
Ainda tímida nas revistas e jornais, a presença nas TVs a cabo e abertas cresce de maneira expressiva. Sites de compras coletivas, sites de vendas de passagens e hotéis e portais de e-commerce se destacam neste panorama. Creio, no entanto, que este movimento jamais igualará o de 1998/2002. Naquele momento, a baixa penetração da internet no país obrigava os empreendedores a “criarem” seu público fora da rede, como se os veículos da mídia tradicionais " legitimassem” os caminhos do filho temporão. Essa característica hoje está vencida, pois a web cria “em si” seus próprios recursos de divulgação. Redes sociais e gigantes como o Google e o Twitter não anunciam nem na rede nem na mídia impressa, pois são ao mesmo tempo conteúdo e processo de divulgação.
Tenho citado muito em meus artigos a importância da nova estrutura demográfica do país, com mudanças expressivas em nosso gráfico populacional. Não somos mais um país pirâmide, passamos a ser um país-balão.
Nos primeiros anos da internet, todos os anúncios enfatizavam, de alguma maneira, a novidade, o fato da web ser algo novo para ser utilizado por jovens.
Na atual leva de anúncios, chama a atenção a peça publicitária do Mercado Livre, que usa como bordão a frase “Somos Velhos”, enfatizando em seguida: “Especialistas em compras e vendas desde o século passado”.
Para quem acompanha a história da internet e para quem hoje investe e empreende na rede, um boa olhada nos atuais comerciais e nos comerciais do final do século passado pode ser uma excelente ferramenta de trabalho.
Que importância você dá aos processos de divulgação em seu empreendimento? Já temos mensagens publicitárias dedicadas aos “jovens” e aos “velhos”. Que tal mirar no centro do balão acima citado, nos “adultos” ou “maduros”?

* Jack London, fundador da Booknet, primeiro negócio virtual que ganhou fama no Brasil, e da Tix, empresa de comercialização de ingressos online. Atualmente é professor, consultor e empreendedor.

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